Mergulhada em problemas, a Petrobras viu suas ações desabarem mais de 6% nesta sexta-feira (26) e pressionarem em baixa a Bolsa brasileira, em uma sessão marcada por poucos negócios.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, interrompeu a sequência de três altas e fechou em baixa de 1,46%, a 50.144 pontos. Das 70 ações negociadas, 43 caíram, 25 subiram e duas se mantiveram inalteradas. Apesar da queda, a Bolsa fechou a semana -que teve três pregões- em alta de 0,99%.
O dia foi de baixo volume na Bolsa: o giro financeiro foi de R$ 2,75 bilhões, bem abaixo da média de dezembro, que é de R$ 8,5 bilhões, segundo dados compilados até o dia 23. No ano, a média é de R$ 7,3 bilhões.
A Petrobras foi o destaque negativo do dia. As ações preferenciais da empresa, as mais negociadas, encerraram o pregão com queda de 6,11%, a R$ 10,30. Os papéis ordinários, com direito a voto, fecharam com desvalorização de 6,19%, a R$ 9,85.
“A Petrobras veio de três dias de fortes altas, mesmo com uma série de notícias negativas afetando a empresa, que teve sua nota de crédito colocada em revisão pela Moody’s e está sendo processada nos EUA. Isso tudo pesa”, afirma Fabio Leme, analista de renda variável da São Paulo Investments.
A agência de classificação de risco Moody’s colocou a nota de crédito Baa2 da Petrobras em revisão para possível rebaixamento. Esse é o passo anterior a um corte, o que significa que a agência vai analisar nas próximas semanas informações sobre a estatal que podem embasar uma redução.
Com uma mudança assim, a petroleira passaria a ter nota Baa3 e ficaria a apenas um passo de perder o grau de investimento, espécie de selo de que a empresa é um boa opção para se investir. Hoje, a estatal está dois níveis acima pela escala da agência.
A petrolífera também está sofrendo uma ação ação coletiva na cidade americana de Providence, capital do Estado de Rhode Island, em favor de investidores que compraram seus papéis.
No processo, que foi iniciado numa corte de Nova York, a cidade de Providence representa investidores que se sentiram prejudicados pelos casos de corrupção que vieram à tona com as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Nesta sexta-feira, a Folha de S.Paulo noticiou que a petrolífera vai assumir pagamentos a fornecedores devidos por firmas com as quais mantém contratos, inclusive três envolvidas na operação Lava Jato.
Para evitar a falência desses fornecedores, a estatal montou uma operação financeira chamada “conta vinculada”, na qual realiza o pagamento que as companhias maiores deveriam fazer às menores, mas de forma a garantir que as grandes não coloquem as mãos no dinheiro.
No pregão de hoje, as ações da Oi tiveram a maior baixa do Ibovespa, com queda de 7,27%. No sentido contrário, as ações da Rossi Residencial sustentaram seu quarto pregão seguido de alta, ao avançarem 8,51%.
Outro destaque do dia foi o setor elétrico, afirma Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.
“O mercado aguarda a mudança da tarifa no setor elétrico, o que vai melhorar o desempenho das empresas do setor. Os investidores não acreditam que as elétricas serão usadas para segurar preços, como a Petrobras foi para segurar os reajustes dos combustíveis”, afirma.
Os papéis preferenciais da Eletrobras subiram 4,79%, a R$ 7,88, enquanto os ordinários tiveram alta de 4,46%, a R$ 5,86. As ações da Cemig também fecharam com forte alta, de 2,25%, enquanto a Copel teve avanço de 2,20% e a Eletropaulo, de 1,80%.
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